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Como funciona o processo de resfriamento do chocolate?

Túneis de Resfriamento: Um Processo Essencial na Produção de Chocolate

Os túneis de resfriamento desempenham um papel crucial na produção de chocolates de alta qualidade. Após o chocolate ser temperado e moldado, ele precisa passar por um resfriamento controlado para garantir que os cristais de manteiga de cacau solidifiquem adequadamente, resultando em um produto final brilhante, com textura ideal e resistente ao “bloom” (manchas esbranquiçadas).

O Papel do Resfriamento no Chocolate

O resfriamento não é apenas uma etapa final, mas uma extensão do processo de temperagem. Ele assegura a formação da estrutura cristalina correta na manteiga de cacau. Um resfriamento mal executado pode levar à formação de cristais instáveis, resultando em chocolate opaco, com textura inadequada e maior suscetibilidade ao bloom.

Durante o resfriamento, ocorre a liberação de calor latente à medida que a cristalização da manteiga de cacau continua. Controlar essa liberação é fundamental para a qualidade do produto final.

Funcionamento do Túnel de Resfriamento

Os túneis de resfriamento são projetados para controlar a transferência de calor no chocolate de maneira eficiente. Essa transferência ocorre por:

  • Condução: Do chocolate para a esteira transportadora.
  • Convecção: Do chocolate para o ar frio circulante.
  • Radiação (em alguns casos): Do chocolate para placas absorvedoras acima do produto.

Esses túneis geralmente possuem três zonas de resfriamento, cada uma com objetivos específicos:

  1. Zona Inicial:

    • Resfriamento moderado, com temperaturas de 15–17 °C.
    • Fluxo de ar reduzido para evitar resfriamento rápido e a formação de cristais instáveis.
    • Nesta etapa, o chocolate começa a solidificar lentamente.
  2. Zona Intermediária:

    • Resfriamento intenso, com temperaturas entre 7–13 °C.
    • Fluxo de ar elevado para remover rapidamente o calor latente liberado durante a cristalização acelerada da manteiga de cacau.
    • Etapa crítica para evitar o derretimento de cristais de semente e garantir a textura perfeita.
  3. Zona Final:

    • Temperatura elevada para cerca de 15,5 °C, acima do ponto de orvalho.
    • Previne a condensação de umidade na superfície do chocolate, que poderia causar floração de açúcar.

 

Tempo de Permanência no Túnel

O tempo necessário no túnel de resfriamento varia conforme o tamanho e o formato do chocolate:

  • Pequenas peças: 6 a 10 minutos.
  • Grandes blocos: Até 2 horas.

O controle da temperatura e do fluxo de ar em cada estágio é ajustado para o tipo de chocolate e o produto final (revestido, moldado ou depositado).

Desafios e Cuidados no Resfriamento

O resfriamento inadequado pode levar a problemas como:

  • Bloom: Formação de manchas brancas devido à recristalização ou condensação de açúcar.
  • Textura indesejada: Resultante de cristalização incompleta ou irregular.
  • Perda de brilho: Causada por resfriamento excessivamente rápido ou lento.

Para evitar esses problemas, é fundamental:

  • Monitorar cuidadosamente a temperatura e o fluxo de ar.
  • Ajustar as condições do túnel de acordo com o tipo de chocolate e suas características específicas, como teor de gordura do leite.

Avanços Tecnológicos no Resfriamento

Sistemas modernos incluem resfriamento por radiação, que aumenta a eficiência do processo, embora a radiação contribua com uma pequena parte da transferência de calor. Modelos avançados simulam a taxa de cristalização e otimizam as condições operacionais para diferentes produtos.

Conclusão

O resfriamento em túneis é uma etapa essencial para garantir a qualidade do chocolate. Um controle preciso do processo resulta em produtos com brilho, textura e sabor ideais. A integração de tecnologias avançadas permite maior eficiência e consistência, consolidando o resfriamento como um diferencial estratégico na indústria de chocolates.